domingo, 26 de outubro de 2014

GANHA QUEM ROUBA MAIS

Está mais do que comprovado. Estão aí os resultados das eleições. Não foram os menos desonestos os vencedores, porém foram os que têm as mãos mais emporcalhadas, com a rapinagem dos cofres públicos, que levaram a melhor. Também pudera! Com esse eleitorado que está aí, uma grande porção de analfabetos funcionais e outra de famintos e ignorantes, não podia dar diferente. Quem já está com o poder nas mãos deita e rola. O Brasil perdeu uma ótima oportunidade para desinfetar as cocheiras.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

AQUELA ÁRVORE

Aproxima-se o fim do período de secura e começam a cair os primeiros pingos. À parte o desconforto sentido na pele, a vista também sofre pela feiura das copas  desgalhadas e retorcidas, que oferecem um espetáculo sem graça, em nada contribuindo para o bem-estar visual. Lá adiante, porém, por cima da galhada desnuda, visualizo uma que destoa da paisagem, mantendo-se verde e fresca. Por que será que, entre tantas árvores hibernantes, aquela se conserva viçosa? Dirão os entendidos que suas raízes são extensas e conseguem atingir os lençóis mais profundos. É a velha luta pela  vida. Sobrevivem os mais capazes, aparelhados que são para vencer as adversidades. Assim também é na vida intelectual. Agora, o grande mistério é porque uns são mais bem dotados do que outros. A fortuna é caprichosa em tudo. Ninguém escolhe onde vai nascer, se em berço de ouro ou na beira da estrada. Mas que seria da vida sem a diversidade? A diversidade é o tempero do mundo. A isonomia só existe no pensamento abstrato dos teóricos do direito. E aquela árvore fresca, viçosa e imponente é a prova disso.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A HERANÇA DA COPA

Bem a propósito do blog anterior, calha breve comentário sobre os lucros da Copa, tão apregoados pelos arautos oficiais. Em primeiro lugar, exaltam eles a excelência da organização. Tudo saiu direitinho como programado. Os turistas vieram e se divertiram. Encantaram-se com nossa exuberante natureza. Bilaquianamente, olharam os céus, o mar, os rios, as florestas perpetuamente em festa, e saíram felizes. Destaque para a cordialidade do povo brasileiro, o samba, a ginga, a capoeira... A malha hoteleira teve uma taxa de ocupação em torno de 64%, o que não é nada desprezível. O comércio não tem do que se queixar e os guias de turismo saíram com as tripas forras. Tudo em ordem. Não houve os tumultos que se prenunciavam. Até mesmo o apagão, que paira sobre o Brasil,  ficou hibernando. No resto, muito bem, obrigado. O turismo cobriu os fabulosos gastos com as "arenas", os aeroportos inconclusos, as estradas mal capeadas, os viadutos que ruem.
Tanta louvação, no entanto, escamoteia a verdade e outros prejuízos. Quem lucrou mesmo foi a Fifa, que abocanhou milhões, que deveriam ir para os cofres públicos. Já são previstas arenas entregues às traças e um mundo  outro de desperdícios. Mesmo no setor privado, logo veremos hotéis fechando as portas por falta de hóspedes. Mas, sobretudo, ninguém quer falar no que sofreu a economia com as horas não trabalhadas, com  os dias parados. Como é que se irão recuperar  os R$ 687 milhões perdidos? Francamente não é assim que o PIB crescerá. O país do carnaval, do futebol, das trambicagens, continua sua trajetória sorridente e franco.  
 


terça-feira, 15 de julho de 2014

BANCO CENTRAL DE ARAQUE

Não posso dizer que é incrível, porque neste País de política econômica destrambelhada todos os absurdos são possíveis. Mesmo assim é de estarrecer. Está nos jornais: o banco central brasileiro erra nove em dez previsões de inflação e não é erro de quem prediz mais e acontece menos; ao contrário, sempre a danada pula para cima. A questão é saber se isso é produto de incompetência ou de má fé. Creio ser um misto de ambas as cousas.
Um Banco Central que se preza é uma instituição séria, que ordena a política econômica do País. Não sofre injunção ou interferência de  nenhuma espécie. É independente e composto por homens capazes e austeros. Sua única  preocupação é o bem-estar da Nação, para que seja forte economicamente e apta a proporcionar satisfação geral ao povo. No Brasil, não. Dominado ideologicamente pela vontade capciosa dos detentores do poder, o BC resta como um espantalho a afugentar investidores e  a fomentar o reles crescimento econômico que nos martiriza. A inflação e sue gêmeo, o PIB nanico, que caracterizam a  presente situação  nacional e estão-nos empurrando para o abismo, são frutos naturais da incapacidade e da irresponsabilidade dos doutores economistas formados na universidade dr. Pangloss, cujo  reitor é ninguém mais, niguém menos que o Caveirinha.

sábado, 12 de julho de 2014

IDEIA DE JERICO

Só mesmo em cabeça de jerico comunistóide, tipo século dezenove, surgiria uma ideia dessas de estatizar o futebol brasileiro. A alarmante derrota de 7x1, imposta pela Alemanha, não pode servir de pretexto para levar o País a um caos pior do que já está, caos esse, todavia, que não é apenas no esporte. O mal do futebol entre nós é que, na cartolagem, reina o mesmo despudor que nas esferas políticas. Por demais, não é de esperar muito de uma equipe em que dezenove jogadores, entre 23, são alienígenas. Que empenho há de esperar-se desse pessoal que vive à tripa forra no exterior? E se eles vão para lá, fazem bem diante dos míseros salários que recebem aqui. Não  é estatizando o futebol que a coisa vai melhorar. O esporte não pode seguir o exemplo da Petrobras. Se a economia vai mal, a inflação avançando a dígitos sarneyanos, se não há esperança de viver bem, com segurança, moradia decente, saúde e educação, senão às custas da corrupção, nem bobo deixaria de atender aos chamados dos clubes lá de fora,  mais bem aquinhoados e organizados.  E ainda vem dona Dilma blasonar que nunca se investiu tanto em infraestrutura. Infraestrutura são estradas esburacadas, pontes levadas pela primeira chuva, viadutos urbanos que desabam, arenas que, depois da copa, quando muito, servirão para show de cantadores sertanejos e que tais. Importaram-se, com grande alarde, médicos estrangeiros e lá estão eles no interior, numa sala mal arranjada, sem um aparelho para medir pressão, farmácias sem remédios... É, dona Dilma, o Brasil tem de mudar muito e não é no futebol. É na governança, sem jericos, para não dar com os burros n'água...
 
 
 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A CULPA DA INFLAÇÃO

É até engraçado. Mantega, o Caveirinha, que vem enterrando a economia brasileira, declarou que a culpa pelo baixíssimo rendimento dessa infeliz economia, é da inflação. Como sempre, com seus chistes acacianos, perdeu ótima ocasião de ficar calado. Se formos em busca de culpados pelos amargores deste  País, todos convergem para o mesmo ponto: o desgoverno, do qual ele é um dos corifeus.  Então, nada mais nítido - quem está falando é seu subconsciente. Não é  simplesmente um ato falho. É algo de muito mais profundo. Quem já perdeu todo o senso da realidade e anda por aí esbanjando um otimismo que faria inveja ao Dr. Pangloss, só pode ser alguém que está fora dos eixos. Eis um bom mote para os humoristas, porque, nas circunstâncias atuais, para não chorar, temos é que rir das piadas governamentais.
 
 

terça-feira, 27 de maio de 2014

PADRÃO FIFA

Tenho hesitado em escrever sobre esse qualificativo, ultimamente tão em voga, que se convencionou chamar "padrão Fifa". Afinal, venceu a coceirinha na mão  e aqui estou querendo decifrar essa fantasia.
Foi não foi, quando se quer exaltar a excelência de algo que ultrapassa os consagrados modelos nacionais, a imprensa não se peja de aplicar-lhe esse epíteto. É o velho complexo de inferioridade dos brasileiros de considerar que só é bom o que vem do estrangeiro; o que é nosso bom fica em segundo plano. Vá lá que isso é verdade até certo ponto. Só numa coisa - é voz corrente - o Brasil é o melhor do mundo. No futebol. Daí que a realização da vigésima edição da Copa do Mundo em nosso País é um acontecimento extraordinário, esquecendo o desencanto de 1950, quando se construiu o Maracanã, estádio tido como o maior dos maiores. Mas, para que se tornasse possível sediar a competição, o governo, por mera questão de vaidade,  teve de baixar a cabeça perante a Fifa e entregar-lhe parte de nossa soberania, esbanjando nossos parcos recursos, surrupiados à saúde, à educação e à segurança, tudo isso garantido pela chamada Lei da Copa. E assim, tal qual a Roma dos Césares, logo mais, como se não bastasse o circo do Congresso Nacional, vamos ter divertimento padrão Fifa.   Não são despropositados os protestos  que vêm ocorrendo por aí afora, inclusive com flechas disparadas contra a polícia. 
  

sábado, 15 de março de 2014

A MACARRONADA DA MAMÃE

Há obviedades triviais das quais não podemos escapar e uma dessas obviedades é dizer que, no fluxo da vida, nada, principalmente os momentos gostosos, se repete com a mesma fragrância com que os vivemos à primeira vez. Ao chegar à idade madura, quando começam as recordações, só resta a sensação de saudade. Essa reflexão vem a propósito da morte do magnífico ator que foi Paulo Goulart. Lembro que, há muitos anos, ele estrelou com sua esposa e companheira de todas as horas, a não menos excelente Nicette Bruno, uma série humorística intitulada "A macarronada da mamãe". Era um casal  comum que atravessava a fase cotidiana dos casais comuns. Mas havia uma particularidade. O marido sempre se referia às delícia de uma macarronada que sua mãe fazia. Querendo agradá-lo, a mulher se esforçava para preparar-lhe o decantado prato, usando inclusive a receita da sogra. Após saborear o acepipe, sistematicamente comentava: "Está ótima, mas não se compara à macarronada da mamãe!" A cena se repetia até que uma tarde, ao exclamar o bordão, entra na sala, toda faceira, sua mãe e exclama: "Mas, meu filho, esta fui eu mesma que preparei!" Dá para imaginar a cara de decepção do filho.
Assim, são as lembranças que guardamos da infância. E também da televisão que, na época, não era tão desbragada.

sexta-feira, 14 de março de 2014

ABSOLVIÇÃO DE ENCOMENDA

Parodiando Raimundo Correia, foi-se o último mensaleiro apadrinhado. Como  ninguém mais duvidava, sua absolvição estava garantida, porque fora bem encomendada. Ninguém tem culpa, senão nós que pagamos pelas regalias dos ungidos do poder. Já que o chefão escapulira sorrateiramente, por esses misteriosos meandros da política nacional, era injusto deixar somente um sócio do bando curtindo agruras, que seriam bem mais amargas depois do gozo das delícias das mensalidades com que foi agraciado. 
Essa estória  de recompor tribunais para decisões convenientes é mil de velha na história republicana deste País. Vem de Floriano, passou por Getúlio, robusteceu-se no período militar e foi muito bem recepcionada pelos apaniguados do Nove Dedos. Que fazer? Por a viola no saco e sair cantarolando: vestiu a camisa listrada e saiu por aí... 


quinta-feira, 13 de março de 2014

É VAIADO QUEM FAZ POR MERECER

Dona Dilma não irá à abertura da Copa do Mundo, apesar de todo o seu empenho e empáfia em sua realização. Não irá por medo de ser vaiada, como sucedeu na Copa das Confederações. E não irá, porque não é preciso proferir discurso para receber manifestações populares hostis. Basta a presença. Também não irá, por igual motivo, o keiser da Fifa, Mr. Blatter, que está sugando a ingenuidade nacional.

Quem tem medo de vaia? São os vaidosos que caíram do cavalo. Ninguém é apupado sem causa. Quem ganha uma assuada ou é um desastrado ou alguém que fez alguma traquinagem. E, como não consta  que dona Dilma seja inabilidosa, salvo em Economia, em que segue os conselhos do Caveirinha, cada um tire suas conclusões.

A vaia, o apupo, a assuada vale mais do que mil pesquisas desses tais institutos de opinião pública, que são pagos para produzir estatísticas convenientes e que, tentando conquistar credibilidade, teimam em ressalvar margens de erros para mais ou para menos. Uma multidão, reunida aleatoriamente, sem a presença de infiltrados mercenários, expressa espontaneamente os sentimentos represados pelo marketing oficial. É um julgamento muito mais legítimo do que o expresso nas urnas. As urnas não expressam a verdade do que vai na consciência popular, a despeito do que disserem os teóricos da política. Portanto, haja vaia. Ela e ele merecem.